segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ESTOU FORA DA IGREJA!

Aos meus leitores e seguidores, saibam que:


1. Estou fora desta igreja que, de pouco se diferem dos romanos antigos que consultavam as aves e dos gregos pagãos que consultavam os astros, que consultam a Bíblia, dando eles mesmo sentido ao texto, que mais favorecem seus caprichos e interesses;

2. Estou fora desta igreja que, obedecem à hierarquia, enquanto bem lhes convém, para logo depois fundarem uma igreja que melhor lhes adapte às suas convicções subjetivas. (Atualmente abre-se 14.000 igrejas por ano só no Brasil).

3. Estou fora desta igreja cujos líderes espirituais fazem do povo gado tocados ao seu bel prazer;

4. Estou fora desta igreja aonde o púlpito tem mais prazer em subjugar do que libertar;

5. Estou fora desta igreja que se transformou em sinagoga de armínio que mina a graça de Cristo;

6. Estou fora desta igreja cujos pastores que, em vez de viverem para prover espiritualmente o rebanho, vivem para serem providos materialmente pelo rebanho;

7. Estou fora desta igreja mística, materialista e pragmática;

8. Estou fora desta igreja que, faz do culto ao Senhor um produto de consumo e uma terapia de grupo bem remunerada.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

VOU DEIXAR DE SER ‘EVANGÉLICO’ PARA NÃO ME TORNAR CATÓLICO

Está fazendo um ano que escrevi este artigo e enviei para um amigo, que brincou comigo dizendo: “vou mandar publicar isso no batista nacional”. Levei na brincadeira e meses depois comecei a receber telefonemas e e-mail perguntando o que era aquilo, porque tinha desviado, porque havia deixado de ser ‘crente’ e coisas afins. Não entendia o porquê do questionamento até que alguém me disse que haviam publicado um artigo assinado por mim no jornal O Batista Nacional, com este título: “VOU DEIXAR DE SER ‘EVANGÉLICO’ PARA NÃO ME TORNAR CATÓLICO” e o que segue é a transcrição na íntegra conforme o jornal publicou no terceiro trimestre de 2009.
A família do meu pai era toda católica; a da minha mãe, batista. Minha mãe se viu sufocada pelo catolicismo de meu pai até os idos de 60, quando se converteu no movimento da Renovação Espiritual. Nasci entre dois berços, o católico e o batista. Em minha adolescência me tornei batista, algo esperado uma vez que o catolicismo não era tão influente na vida de meu pai (que também se tornou batista nos anos 90). Não fui batizado, nem crismado, nem estudei o catolicismo católico.
Hoje me deleito lendo a teologia católica, alguns pais, outros medievais, uns modernos, outros progressistas. Não me prendo nas eras mais gosto deles. Ler os católicos me abriu os olhos para perceber algumas coisas em nossa igreja ‘protestante’. Eles nos chamam de ‘irmãos desviados’ e creiam, podem nos ensinar um pouco com sua história. A história também nos ensina muitas coisas, inclusive como eles estão se convertendo e nós nos desviando.
Você reparou como tem sido a pregação em muitas paróquias católicas, ou mesmo, o que pregam os padres na televisão? Fascinante! Atentou o que tem sido pregado nas catedrais evangélicas, ou nos canais de TV de nossos irmãos?
Apesar de gostar da teologia deles eu não quero me tornar católico. Já passei da idade. Não o fiz naquela época agora não me interessa mais. Mas também não quero continuar sendo ‘evangélico’... não este ‘evangélico’ que está por aí. Não posso dizer que sou esse tipo de ‘evangélico’ pois vai de encontro à consciência teológica que formaram dizendo: isso é ser evangélico e aquilo é ser católico.
Cresci dividido entre a teologia católica e a teologia evangélica. Ensinaram-me que nós estávamos certos e eles errados. Agora, tudo ou quase tudo que eles pregavam e nós refutávamos, de repente, eles silenciam e alguns fazem ecoar em nossos púlpitos.
Lembro-me de minha avó, senhora muito devota, tinha em casa os quadros e as imagens dos santos de devoção. Duas imagens se destacavam: Nossa Senhora da Penha e São Sebastião. Talvez por isso tivesse tanto Sebastião e Sebastiana em nossa família. Lá estavam o terço, o rosário, a vela e o oratório. Ela sabia todas as rezas de cor e salteado, era católica praticante.
Em nossa casa não tínhamos nenhuma imagem, nenhum santinho. Não éramos católicos. Naquela época quem era evangélico não podia e nem precisava ter estas coisas em casa. Mais hoje para ser um crente fervoroso, piedoso e devoto mesmo, é preciso ter: água benzida pelo missionário ou apóstolo tal, cajado do impossível, toalhinha consagrada, martelinho, tijolinho, espada, ramo de arruda, sal grosso, sabonete da purificação, óleo ungido de Israel, água do Rio Jordão, rosa do descarrego, chave das promessas, chave de Davi...
Ah! Que saudades da casa de minha avó! Pelo menos lá ela nos contava as proezas e os ensinos dos santos de devoção. Se a gente não recebesse graça nenhuma, pelo menos ficava o aprendizado e o deleite de uma boa história. Tudo de graça, não gastávamos um centavo se sequer. Ora, minha avó (que Deus a tenha) era tida pelos evangélicos como cega, idólatra e perdida. E estes evangélicos, quem lhes apontará o dedo em juízo e os chamará de cegos, idólatras e perdidos? Os católicos? Ah, quem dera alguém nos trouxesse de novo a luz, ao menos de uma vela. Até que isso aconteça, vou deixar de ser ‘evangélico’, porque não quero me tornar católico romano disfarçado.

sábado, 7 de agosto de 2010

DEUS COMO MODELO DE PATERNIDADE

“... Pai nosso, que estás nos céus...” (Mateus 6.9)

01). O MODELO DE “PAI” TAL COMO O FILHO NOS REVELOU

1. Purificando nosso coração das imagens paternas oriunda de nossa história pessoal e cultural
· A purificação do coração diz respeito às imagens paternas ou maternas oriundas de nossa história pessoal e cultural e que influenciam nossa relação com Deus
· Antes de fazer nossa esta primeira invocação da Oração do Senhor, convém purificar humildemente nosso coração de certas imagens falsas a respeito "deste mundo".
· A humildade nos faz reconhecer que "ninguém conhece o Pai senão o Filho ele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11 ,27), isto e, aos pequeninos" (Mt 11,25).

2. Orar ao Pai é entrar em seu mistério, tal qual Ele é, e tal como o Filho no-lo revelou:
· A expressão "Deus Pai" nunca fora revelada a ninguém. Quando o próprio Moisés perguntou a Deus quem Ele era, ouviu outro nome.
· A nós este nome foi revelado no Filho, pois este nome novo implica o nome novo de Pai.
· Podemos invocar a Deus como "Pai", porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e porque seu Espírito no-lo faz conhecer. Aquilo que o homem não pode conceber nem as potências angélicas podem entrever, isto é, a relação pessoal do Filho com o Pai, eis que o Espírito do Filho nos faz participar nela (nessa relação pessoal), nós, que cremos que Jesus é o Cristo e (cremos) que somos nascidos de Deus.
· A primeira palavra da Oração do Senhor é uma bênção de adoração, antes de ser uma súplica. Pois a Glória de Deus é que nós o reconheçamos como "Pai", Deus verdadeiro. Rendemo-lhe graças por nos ter revelado seu Nome, por nos ter concedido crer nele e por sermos habitados por sua Presença.

02). O MODELO DA APROXIMAÇÃO CONFIANTE

1. Cristo ao nos dar esta expressão “Pai nosso” nos ensina a aproximação confiante e ousada
· Diante da sarça ardente, foi dito a Moisés: "Não te aproximes daqui; tira as sandálias" (Ex 3,5).
· Este limiar da Santidade divina só Jesus podia transpor, Ele que, "depois de ter realizado a purificação dos pecados" (Hb 1,3), nos introduz diante da Face do Pai: "Eis-me aqui com os filhos que Deus me deu" (Hb 2,13).
· Quando ousaria a fraqueza de um mortal chamar a Deus seu Pai, senão apenas quando o íntimo do homem é animado pela Força do a1to?
Nas liturgias do Oriente e do Ocidente existe uma bela expressão tipicamente cristã: "parrhesia", simplicidade sem rodeios, confiança filial, jovial segurança, audácia humilde, certeza de ser amado.
· Aos pais e filhos: Este modelo de aproximação confiante deve perdurar entre pais e filhos, de um lado o pai proporciona condição favorável para a aproximação do filho, removendo todos os possíveis obstáculos, do outro lado, o filho exercendo confiança no pai, se aproxima de coração aberto e confiante no amor paternal, na qual ele pode reclinar e descansar na certeza de que será amado a despeito de suas fraquezas.

03). O MODELO DA CONVERSÃO CONTÍNUA

1. Jesus nesta expressão nos leva a revelação de nós mesmos ao mesmo tempo que o Pai nos é revelado
a) Quanto a nós:
· Não ousavamos levantar nosso rosto ao céu,
· Baixavamos nosso olhos para a terra,
· E de repente recebemos a graça de Cristo: todos os nossos pecados nos foram perdoados.
· De servos maus tornamos bons filhos
· Por isso levantemos, pois, nossos olhos para o Pai que nos resgatou por seu Filho e dizemos: “Pai nosso...” Mas não exijas nenhum privilégio. Somente de Cristo Ele é Pai, de modo especial; para nós é Pai em comum, porque gerou somente a Ele; a nós, ao invés, Ele nos criou. Dize, portanto, também tu, pela graça: Pai Nosso, a fim de mereceres ser seu filho.
2.Este dom gratuito da adoção exige de nossa parte uma conversão contínua e uma vida nova. Orar a nosso Pai deve desenvolver em nós, duas disposições fundamentais:
a). Primeira disposição fundamental: o desejo e a vontade de assemelhar-se a Ele. Criados à sua imagem, é por graça que a semelhança nos é dada e a ela devemos responder.
· Quando chamamos a Deus de "nosso Pai", precisamos lembrar-nos de que devemos comportar-nos como filhos de Deus.
· Não podeis chamar de vosso Pai ao Deus de toda bondade, se conservais um coração cruel e desumano; pois nesse caso já não tendes mais em vós a marca da bondade do Pai celeste.
· É preciso contemplar sem cessar a beleza do Pai e com ela impregnar nossa alma.
b). Segunda disposição fundamental: um coração humilde e confiante que nos faz "retornar à condição de crianças" (Mt 18,3), porque é aos pequeninos que o Pai se revela (Mt 11,25):
· É um olhar sobre Deus tão-somente, um grande fogo de amor.
· A alma nele se dissolve e se abisma na santa dileção, e se entretém com Deus como com seu próprio Pai, bem familiarmente, com ternura de piedade toda particular.
· Nosso Pai: este nome suscita em nós, ao mesmo tempo, o amor, a afeição na oração, (...) e também a esperança de alcançar o que vamos pedir... Com efeito, o que poderia Ele recusar ao pedido de seus olhos, quando já antes lhes permitiu ser seus filhos.
· Aos pais e filhos: Deve haver uma disposição de conversão entre pais e filhos, todos desejando sempre se voltar uma para o outro, reconhecendo os erros e perdoando as ofensas.

04). MODELO DE UMA NOVA RELAÇÃO

1. Pai "Nosso" refere-se a Deus. De nossa parte, este adjetivo não exprime uma posse, mas uma relação inteiramente nova com Deus.
· Quando dizemos Pai "nosso", reconhecemos primeiramente que todas as suas promessas de amor anunciadas pelos profetas se cumprem na nova e eterna Aliança em Cristo: nós nos tornamos seu Povo e Ele é, doravante, "nosso" Deus.
· Esta relação nova é uma pertença mútua dada gratuitamente: é pelo amor e pela fidelidade que devemos responder "à graça e à verdade" que nos são dadas em Jesus Cristo.
2.Pai “Nosso” uma relação que transcende o tempo presente
· Este "nosso" exprime também a certeza de nossa esperança na última promessa de Deus; na Jerusalém nova, dirá Ele ao vencedor: "Eu serei seu Deus e ele será meu filho" (Ap 21,7).
3.Pai “Nosso” é um apelo a relação de unidade dos cristãos
· Por isso, apesar das divisões dos cristãos, a oração ao "nosso" Pai continua sendo o bem comum e um apelo urgente para todos os da comunidade dos batizados manterem-se unidos como unido está os membros da Trindade Santa.
4.Pai “Nosso” uma apelo para superarmos as nossas divisões e oposições
· Verdadeiramente ao orarmos "Nosso Pai", saímos do individualismo, pois o amor que acolhemos nos liberta (do individualismo). O "nosso" do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas.
· Não podemos rezar ao Pai "nosso" sem levar para junto dele todos aqueles por quem Ele entregou seu Filho bem-amado.
· O amor de Deus é sem fronteiras; nossa oração também deve sê-lo. Orar ao "nosso" Pai abre-nos para as dimensões de Seu amor manifestado no Cristo: Esta solicitude divina por todos os homens e por toda a criação deve animar a todos quantos se dizem “filhos” do “Nosso” Pai.
· Aos pais e filhos: A esperança de dias melhores, a busca da unidade na família e a superação das divisões e oposições no lares devem nortear a vida de pais e filhos, neste dia especial.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

NOVO TESTAMENTO E MITOLOGIA

1. A CONCEPÇÃO DO UNIVERSO DO NOVO TESTAMENTO É MÍTICA

1.1. O universo no NT é dividido em três andares

· No meio se encontra a terra – Lugar do natural, do cotidiano, da providência, do trabalho e também cenário da atuação de poderes sobrenaturais, de Deus e de seus anjos, de Satã e seus demônios;

· Sobre a terra o céu – Morada de Deus e das figuras celestiais, os anjos;


· Abaixo da terra o mundo inferior – O mundo inferior é o inferno, lugar de tormento.

1.2. A crença de que poderes sobrenaturais interferem nos acontecimentos naturais

· Poderes sobrenaturais interferem no pensar, querer e agir do ser humano;
· Milagres não são raro;
· O ser humano não tem poder sobre si mesmo;
· Demônios podem possuí-lo, Satã pode lhe incutir pensamentos malignos;
· Deus pode dirigir seu pensar e querer pode fazê-lo ter visões celestiais, fazê-lo ouvir sua palavra imperativa e consoladora, pode presentear-lhe a força sobrenatural do seu Espírito;
· A história não percorre seu caminho por suas próprias leis, mas obtém seu movimento e direção dos poderes sobrenaturais;
· O presente século encontra-se sob o poder de Satã, do pecado e da morte;
· Este século se encaminha rapidamente para o seu fim que ocorrerá numa catástrofe cósmica, trazendo o tempo final, a vinda do juiz celestial, a ressurreição dos mortos, o julgamento para a salvação ou perdição.

1.3. A proclamação emprega linguagem mitológica

· Na plenitude do tempo Deus enviou seu Filho;
· Seu Filho, um ser divino preexistente, aparece na terra como um ser humano;
· Sua morte na cruz, a qual ele sofre como um pecador propicia expiação para os pecados dos seres humanos;
· Sua ressurreição é o começo da catástrofe cósmica através da qual será aniquilada a morte, trazida ao mundo por Adão;
· O ressurreto foi levado ao céu, à direita de Deus, ele foi transformado em “Senhor” e “Rei”;
· Retornará sobre as nuvens do céu para consumar sua obra salvadora, quando ocorrerá a ressurreição dos mortos e o juízo, onde todo pecado e todo sofrimento será finalmente aniquilado;
· Tudo isso acontecerá em breve; Paulo é de opinião que ainda experimentaria pessoalmente este evento;
· O fiel está ligado a comunidade de Cristo pelo batismo e pela ceia do Senhor, e pode estar seguro de sua ressurreição para a salvação, se não se comportar de maneira indigna;
· Os crentes já possuem o “penhor”, a saber, o Espírito Santo, que age neles e testifica sua filiação de Deus e garante sua ressurreição.

2. A IMPOSSIBILIDADE DO RESTABELECIMENTO DA CONCEPÇÃO MÍTICA DO UNIVERSO DO NOVO TESTAMENTO

2.1. O Novo Testamento como linguagem mitológica

· Sendo uma linguagem mitológica, ela é inverossímil para o homem de hoje, pois para ele a concepção mítica é algo passado;
· A verdade proclamada no NT é verdadeira independente da concepção mítica do universo, a tarefa da teologia é demitologizar a proclamação cristã;
· A tarefa da teologia é portanto tornar esta verdade aceitável ao pensamento do homem moderno. Exigir do homem moderno uma aceitação cega da concepção mítica do universo, depois que o nosso pensamento foi moldado pela ciência, é no mínimo arbitrário.
· Não podemos afirmar uma fé numa concepção de universo que, no demais de nossa vida, negamos.

2.2. Conhecimentos atuais e confissões antigas do universo mítico do NT

· Qual o sentido de confessar hoje “desceu ao inferno” ou “subiu ao céu” já que não compartilhamos mais da idéia do universo em três patamares;
· Não partilhamos da idéia de um Deus morando no céu, ou de almas penadas morando no inferno, no sentido da idéia antiga do NT;
· Através do conhecimento das forças e leis da natureza, os astros, deixaram de ser seres demoníacos, que escravizam os seres humanos em seu serviço, e passaram a ser apenas corpos do universo, cuja influência sobre a nossa vida é apenas de ordem natural e não conseqüência de sua maldade;
· Enfermidades e suas curas tem suas causas naturais e não são devidas à ação de demônios ou à sua expulsão;
· A escatologia mítica está eliminada, fundamentalmente pelo simples fato de que a parúsia de Cristo não ocorreu muito em breve, como o NT aguardava. Ao contrário, a história da mundial continuou e continuará. O mundo poderá vir ao fim como uma catástrofe natural e não como um acontecimento mítico;
· O ser humano se compreende não dicotomizada (corpo e alma), nem tricotomizado (corpo, alma e espírito), mas como um ser unitário, que atribui a si mesmo seu sentir, seu pensar e seu querer. Ele atribui a si mesmo a unidade interior de seus estados e de suas ações;
· O ser humano que se compreende só biologicamente não admite que algo sobrenatural, como poderes divinos ou demoníacos podem penetrar na configuração fechada das forças naturais e nele atuar, ao ser humano que se presume tal intervenção, designa-se esquizofrênico;
· Também não entende como uma refeição (Ceia do Senhor) possa transmitir força espiritual ou a participação indigna nesta refeição possa acarretar doença física e morte;
· O naturalista e o idealista não podem entender a morte como castigo pelo pecado; para eles trata-se de um processo natural e simples. O ser humano está à preso a natureza; é gerado, cresce e morre. Neste caso a morte não é castigo por seu pecado, pois de antemão, já antes de ser culpado, estava sujeito à morte. A idéia de pecado hereditário como uma enfermidade que se alastra com força natural, devido a culpa de seu ancestral, é um conceito submoral e impossível, pois só conhece a culpa como ação responsável;
· A doutrina da satisfação vicária através da morte de Cristo, também não é inteligível para o homem moderno, por se tratar de um conceito mítico, algumas questões são aqui levantadas:
1. Que mitologia primitiva é essa que pretende que um ser divino feito ser humano expie através de seu sangue os pecados dos seres humanos!
2. Se a morte de Cristo efetuou uma transação jurídica entre Deus e o ser humano, então o pecado só poderia ser entendido juridicamente como infração exterior do mandamento, e os critérios éticos estariam excluídos!
3. Se Cristo, que sofreu a morte, era o Filho de Deus, o ser preexistente, que significava para ele o assumir a morte? Quem já sabe que vai ressuscitar ao terceiro dia, a esse o morrer evidentemente não afeta muito!
4. A idéia de uma ressurreição corpórea nada diz par o homem atual, visto que a morte para ele é um acontecimento natural, se Deus cria vida a partir de tal expediente, essa mensagem é praticamente nula para nossa existência. A ação de Deus só tem sentido num acontecimento que intervenha na realidade existencial autêntica, transformando-a aqui e agora.


03). NOSSA TAREFA


3.1. Clareza e sinceridade absoluta – O pregador deve a sua comunidade, bem como àqueles a quem deseja atrair para a sua comunidade, clareza e sinceridade absolutas. A pregação não deve deixar os ouvintes em dúvida quanto ao que propriamente deve ser verdadeiro ou não. Se quisermos manter a validade da proclamação do NT, só nos resta o caminho da demitologização.


3.2. A essência do mito – O sentido do mito não é proporcionar uma concepção objetiva do universo, por isso o mito não deve ser interpretado cosmologicamente, mas antropologicamente – melhor: de modo existencialista. O mito fala do poder ou dos poderes que o ser humano supõe experimentar como fundamento e limite de seu mundo, seu próprio agir e seu sofrer. Mas ao falar desses poderes ele os inclui o círculo do mundo conhecido, forças, coisas, afetos, motivos e possibilidades. Assim do não-mundano fala mundanamente, dos deuses humanamente. Por isso a mitologia do NT não deve ser explicada objetivamente, mas quanto à compreensão da existência que se expressa nestas concepções. Devemos buscar a verdade do mito, não a historicidade deste mito.