sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MERCADO RELIGIOSO – PAGANDO PARA “TER” E PAGANDO PARA “SER”

Os especialistas em tendência de mercado aponta o mercado religioso em sua busca pelo místico como uma grande fonte de investimento rentável. Das 20 mega tendência este segmento ocupa o 7º lugar no ranking. Algo espetacular, um filão de ouro capaz de despertar a cobiça e o empreendorismo de qualquer empresário.

Mas, se tratando de um segmento religioso os homens que disputam este filão de mercado são homens ditos “chamados”, porta-voz do Senhor dos céus e da terra (onde se processa o negócio). E aqui mora o perigo.

Imagino que muitos dos que estão inserido nesta tendência, estão sem conhecimento da existência deste mercado, porém, julgo eu, que muitos estão calculadamente dentro de um mega negócio chamado “igreja”.

A “Igreja” vende vários produtos; desde sonhos até as mais variadas fantasias espirituais; desde a água benzida até um terreno no céu na mais movimentada esquina com rua pavimentada em ouro, de frente para a bela praça da “árvore da vida”.

Na verdade ela não vende produtos, ela vende resultado. Uma rosa ungida é capaz de trazer o alívio do tormento do maligno; um sabonete da purificação traz o resultado da sensacional pureza da “mancha” do pecado.

Coisas deste nível gera decepção em alguns homens que não querem empresariar este negócio chamado “igreja”. Estes homens tem dois problemas. Primeiro eles estão fora de uma tendência de mercado; segundo eles não terão clientes, consequentemente seu discurso não será financiado.

É o preço que se paga na selva do capitalismo religioso. Se você não faz o negócio, você sai do mercado. Faliu. “Fechou a igreja” para usar o jargão evangélico.

Estamos caminhando para um momento da história da igreja que aqueles que se posicionarem na tendência de mercado vão ganhar muito dinheiro. Vão ficar muito rico os que visualizarem esta oportunidade. E vão ficar muito pobre, sem prebenda os teimosos pastores que insistirem num discurso [bíblico], porém fora da tendência de mercado.

A escolha é de vocês meus caros colegas. O mercado é para todos. Preferencialmente dos mais competitivos [espertos].

Aos empreendedores serão ricos porém “pobres”, e os pobres podem ser que sejam os “ricos” aos olhos do patrão e dono da Igreja – Jesus Cristo, que desconhece uma tendência de mercado, posto que a Igreja dele não está nas cogitações mercadológicas, mas na quietude do coração dos ‘pequeninos a quem ao Pai aprouve revelar’ tal segredo, escondido aos ricos, sábios e espertos deste mundo capitalista.





sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A TENDA: A PRESENÇA QUE SE AUSENTA E A AUSÊNCIA QUE SE FAZ PRESENTE

Observando os conceitos de acampamento e tenda entre o povo de Israel, vemos que esta é armada por Moisés "fora do acampamento, longe do acampamento". Como lugar de reunião e de oração, não pode confundir-se com o ruído e a euforia cotidianos. Tampouco pode situar-se muito longe do campo onde a vida sofre, luta e se debate. Tenda e acampamento se integram, se interpelam, se questionam, se complementam - mas não se mesclam. A tenda onde Deus se faz presente pela simbologia de "uma coluna de nuvem parada à sua entrada" deve permanecer suficientemente perto do acampamento, para que todo o povo pudesse levantar-se e prosternar-se enquanto "Senhor falava com Moisés face a face, como um homem fala com outro". Ao mesmo tempo, porém, a tenda deveria estar suficientemente afastada do acampamento, como ponto de referência que, sem se misturar ao burburinho diário, induz a um silêncio respeitoso frente à presença do Senhor.

Aqui também, como no episódio da sarça ardente, Deus não se deixa manipular. Encontra-se presente e ausente ao mesmo tempo. A proximidade e a distância da tenda em relação ao acampamento expressam, simultaneamente, essa presença que se ausenta, ou essa ausência que se faz presente. O mistério divino não se enquadra em nossos esquemas mentais, não se restringe ao programa de uma organização ou partido, não se esgota nas formulações históricas e culturais. A utopia da Terra Prometida rompe todas as fronteiras possíveis e imagináveis. O projeto de Deus não cabe nos limites da racionalidade humana. Por outra parte, esse mesmo projeto não está desvinculado dos desejos e temores que habitam e dilaceram a alma humana, lá na convivência do acampamento. É um projeto que começa no acampamento, isto é, no aqui e agora da história, mas ultrapassa seus limites, como uma utopia que sempre renova a ordem econômica, política, social e cultural de cada nação e de toda a humanidade.

Por isso a tenda. É nela que se localiza a arca do Senhor. Tenda é casa em movimento, permanentemente a caminho. Casa que se faz, desfaz e refaz a cada curva da estrada. Além disso, é abrigo aberto ao caminheiro que busca refúgio e descanso, lugar de acolhida. O contrário da tenda é a fortaleza, a casa cerrada e cercada por muros, cães e sistemas de segurança. Impenetrável aos peregrinos que necessitam recuperar suas energias para retomar a estrada. Deus está na tenda, paira sobre ela em forma de coluna de nuvem, oferece acolhimento e repouso. Mas, quando pensamos que o temos à mão, Ele se ausenta, dá um passo à frente, convidando-nos a desarmar a tenda e enfrentar o caminho no meio do deserto. Não é um Deus dos mortos e do passado, mas um Deus que a partir do futuro irrompe no presente, abrindo alternativas sempre distintas às encruzilhadas históricas.

Também não é um Deus que rejeita a obra humana. Ao contrário, caminha secretamente nas entrelinhas da história para dar-lhe um rumo e um sentido mais profundo, sem interferir na liberdade pessoal ou coletiva. Na busca humana de "um novo céu e uma nova terra", Senhor assume a cidade terrestre, fazendo dela "a tenda de Deus com os homens" para caminhar em direção à cidade celeste, onde "não haverá mais morte, nem luto, nem clamor e nem dor" (Ap 21. 1-8).

A casa-fortaleza tem raízes no chão. Aferra-se obstinadamente ao terreno conquistado. Guarda tesouros que a ferrugem e a traça corrompem, os ladrões podem roubar (Mt 6.19-21). A casa-tenda, ao contrário, em lugar de raízes tem pés. Pés que podem se converter em asas. No primeiro caso, temos o rico estabelecido, com o coração prisioneiro do próprio tesouro, "semelhante ao gado que se abate", como diz o salmista (Sl 49). No segundo caso, transparece a figura do peregrino. De tanto caminhar, aprende a depurar e purificar a bagagem, bem como a própria alma. Em vez de acumular riquezas que o prendem e escravizam à terra e à história, cria laços, costura rede de relações, cultiva amizades - bens que ninguém rouba e não ocupam espaço. Por isso pode caminhar e voar livremente.



domingo, 17 de outubro de 2010

ENTREVISTA COM LEONARDO BOFF - OS CATÓLICOS DIVORCIARAM DO MUNDO E OS EVANGÉLICOS UTILIZARAM OS INTRUMENTOS DO MERCADO

O teólogo Leonardo Boff é um dos maiores críticos brasileiros ao comportamento recente da Igreja Católica. Expoente da Teologia da Libertação, foi expulso da Igreja nos anos 80, por criticar sistematicamente a hierarquia da religião. Doutor em Filosofia e Teologia pela Universidade de Munique, Boff falou a ÉPOCA sobre os principais motivos da grande perda de fiéis da Igreja Católica para as evangélicas e pentecostais no Brasil e fez críticas ao movimento carismático, comandado pelos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo. “Eles são animadores de auditório. Isso não leva ninguém à transformação. É um Lexotan”.

ÉPOCA – O Papa Bento XVI reconheceu, no último dia 10, a enorme perda de fiéis da Igreja Católica no Brasil e a rápida expansão das evangélicas e pentecostais. A que se deve isso?

Leonardo Boff - São três causas. Primeiro, a Igreja não consegue ter padres suficientes pra atender fiéis, por causa do celibato. São 17 mil, e teriam de ser uns 120 mil. As pentecostais ocupam esse vazio. Elas vão ao encontro das demandas do povo. O povo não é dogmático, vai pro centro espírita, vai pra macumba… Em segundo lugar, a grande desmoralização que a igreja sofreu com os padres pedófilos. É a maior crise desde a Reforma Protestante. É uma crise grave, porque se desmoralizou e perdeu o conteúdo ético. A maneira como o Vaticano se comportou foi desastrosa. Tentou encobrir e depois disse que era um complô internacional. Só quando começaram a aparecer muitos casos que o papa disse que tinha que punir. Mas, mesmo assim, não mostrou solidariedade com as vítimas e nem como mudar isso. Só pensa na Igreja. Em terceiro lugar, o fato de a Igreja ter uma visão muito abstrata da realidade. Uma linguagem que o povo não entende direito.

ÉPOCA – O senhor acredita que nas últimas décadas houve um retrocesso na modernização da Igreja Católica?

Boff - João Paulo II e Bento XVI abortaram as inovações de João Paulo I e afastaram a Igreja do mundo. A Igreja não tem dialogo com as outras igrejas. Falta uma reconciliação com o mundo moderno. Desde o século XVI que a Igreja vive em briga com ele. A igreja se abriu a isso e João Paulo II, com sua visão medieval, abortou tudo isso. A Igreja não tem mais poder político. Só tem poder moral. Reforçou a estrutura hierárquica tradicional. Marginaliza mulheres, e os fiéis têm a representatividade de garis. A igreja dos anos 60 aos 80, quando surgiram a Teologia da Libertação e os movimentos de base, foi abortada. Isso tornou a igreja antipática.

ÉPOCA – O que os católicos encontram nas outras igrejas que não encontram na Católica?

Boff - O povo quer uma mensagem compreensível e simples. As evangélicas utilizam os instrumentos do mercado e são muito calcadas em cima da prosperidade. Há uma grande manipulação das expectativas e do sentimento religioso do povo. Mas, ao mesmo tempo, elas são formas de ordenar a sociedade. Muitas famílias que viviam nas drogas e na bebedeira se estruturaram, se inseriram na sociedade. Fator de ordem..


ÉPOCA – Bento XVI disse que os padres não estão evangelizando suficientemente os fiéis e que as pessoas se tornam influenciáveis e com uma fé frágil. O senhor concorda?

Boff - O problema não é evangelizar. É a maneira como se faz. O catecismo e outros símbolos imutáveis são engessados, não falam no fundo das pessoas. É um cristianismo fúnebre. O padre Marcelo Rossi está imitando as pentecostais. Há um vazio de evangelização, é a relação pessoa e Deus. É melhor escutar o padre Rossi do que escutar a Xuxa, mas é a mesma coisa. Eles são animadores de auditório. Isso não leva ninguém à transformação. É um Lexotan. Depois volta a lógica dura da vida. É uma evangelização desgarrada da vida concreta.

ÉPOCA – O papa já se mostrou não ser muito favorável aos líderes mais carismáticos, como Marcelo Rossi e Fábio de Melo. Isso não complica as coisas?

Boff - O Vaticano e os bispos não gostam de ter sombra ao lado deles. E Roma não gosta disso. Por isso quer enquadrá-los. Eles são modernos e mercadológicos. Por outro lado, não levam as pessoas a refletirem sobre os problemas do mundo. O padre Rossi nunca fala dos desempregados e da fome. Só convida a dançar. Ele louva as rosas, mas esquece o jardineiro que as rega.

ÉPOCA – Qual seria a melhor forma de atrair quem anda distante da Igreja Católica?

Boff - A melhor forma é aquilo que a Igreja da Libertação faz desde os anos 70. Reunir cristãos pra confrontar a página da Bíblia com a da vida. Uma evangelização ligada ao cotidiano e às culturas locais. Uma coisa no Nordeste, outra na Coreia. Essa visão proselitista é ofensiva à liberdade humana.]

ÉPOCA – Essa tendência de crescimento das outras igrejas se reflete em outros países tradicionalmente católicos. Ela é universal?

Boff - É um fenômeno mundial chamado imigração interna do cristianismo. Muitos cristãos da Europa que estudaram estão migrando de igreja. Não aceitam esse tipo de igreja. O cristianismo na Europa é agônico. A Alemanha, por exemplo, que tem o imposto religioso, o destina para a luta contra a aids. É outra visão. Tanto que a maior religião do mundo já é a mulçumana, que cresce muito na África. É simples. Não tem padre, nem bispo. Atrai muito mais as pessoas.

Fonte: Revista Época

sábado, 16 de outubro de 2010

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A MANIPULAÇÃO DO NOME DE DEUS

Era inevitável que as religiões, inclusive o cristianismo, se aproximassem dos meios de comunicação. Afinal, evangelho quer dizer exatamente "boa notícia". Portanto, são meios que podem ser postos a esse serviço. Porém, o que se está fazendo com esses meios de comunicação em nome de Deus é que é a questão. Não se espere daí uma palavra profética em nome da justiça, dos pobres, porque é um anúncio mutilado que precisa sobreviver segundo as regras do mercado.

Ligando o rádio, vamos ouvir mais uma vez uma série de programas católicos e evangélicos. Grande parte é programa musical, dessas com uma pobreza literária, melódica, bíblica, teológica de arrepiar os ossos, com meia dúzia de palavras já previsíveis -amém, aleluia, glória, eu e Deus, Deus e eu, eu te amo- inundando nossos ouvidos. O capital demorou para descobrir que religião é um ótimo comércio, mas agora explora até a última medalhinha milagrosa para fazer dinheiro.

Mas, não é só. Pregadores desfilam programas comprados em outros canais comerciais tanto durante o dia como pelas madrugadas. Há uma super oferta de pregações, cultos, missas, terços - misturados com ofertas de produtos -, sempre em nome de Deus.

O certo é que, em nenhuma outra época, se manipulou tanto o nome de Deus como nessa que vivemos. Nessas eleições, então, chegou-se às raias da aberração. A difamação, calúnia, parcialidade, tanto por alguns bispos católicos, quanto por alguns pastores perdeu qualquer referência bíblica de respeito pelo próximo. Com dois pesos e duas medidas para avaliar e recomendar candidatos perdeu-se até o senso da dignidade.

Ninguém manipula a Deus, mas pode manipular seu nome. E os meios de comunicação tornaram-se o altar da profanação do “Santo Nome de Deus”.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O BENEFÍCIO DA CRISE DE FÉ

A Igreja sempre reagiu contra as chamadas “dúvidas de fé”, que na verdade nada mais é do que “dificuldades de crença”, dificuldades com nossa idéia sobre Deus. Em algum momento nossa fé vive entusiasticamente, mas outras, pelo contrário, tudo é frieza e sentimento de afastamento de Deus. João da Cruz, o místico a chamou de “noite escura”.

A crise de fé é uma oportunidade para conhecer melhor a Deus, mas na vida de alguns crentes esta crise pode ser devastadora. Vejo nesta crise uma oportunidade de purificação de nossos “deuses de bolsos”, aqueles deuses feito à nossa imagem e semelhança muito comum a todos os crentes.

O silêncio de Deus nada mais é que a morte de uma ‘imagem’ concreta de Deus. Uma imagem pobre demais, que havíamos fabricado ao longo dos anos de ‘relacionamento’ com Ele, é que agora diante de uma nova situação não funciona mais, não responde as nossas expectativas, nos defrauda.

Tal qual os discípulos de Emaús, a identidade ou a imagem que eles possuíam de Cristo já não respondia as suas expectativas, naquela tarde de domingo. Estavam em crise de fé. O coração ardia, mas os olhos não enxergavam nada mais além de um “peregrino” a mais que se juntou a eles naquela jornada.

A crise de fé revela uma oportunidade e ao mesmo tempo um perigo. Oportunidade como já disse de purificação de falsas imagens de Deus, mas perigo de rejeitar o Deus verdadeiro, confundido-o com a imagem que rejeitamos. Todavia a fé é capaz de suportar a dúvida, a mais terrível dúvida.

A oportunidade que nos proporciona a dúvida da fé permite que tiramos uma conclusão: se antes nos acusávamos de ter dúvidas de fé, hoje deveríamos procurá-la de propósito, como a única maneira de irmos passando do deus de madeira ao Deus de verdade.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

ECOLOGIA SOCIAL EM FACE DA POBREZA E DA EXCLUSÃO

Leonardo Boff


Hoje se fala das muitas crises sob as quais padecemos: crise econômica, energética, social, educacional, moral, ecológica e espiritual. Se olharmos bem, verificamos que, na verdade, em todas elas se encontra a crise fundamental: a crise do tipo de civilização que criamos a partir dos últimos 400 anos. Essa crise é global porque esse tipo de civilização se difundiu ou foi imposto praticamente ao globo inteiro.

Qual é o primeiro sinal visível que caracteriza esse tipo de civilização? É que ela produz sempre pobreza e miséria de um lado e riqueza e acumulação do outro. Esse fenômeno se nota em nível mundial. Há poucos países ricos e muitos países pobres.

Nota-se principalmente no âmbito das nações: poucos estratos beneficiados com grande abundância de bens de vida (comida, meios de saúde, de moradia, de formação, de lazer) e grandes maiorias carentes do que é essencial e decente para a vida.

Mesmo nos países chamados industrializados do hemisfério norte, notamos bolsões de pobreza (terceiromundialização no primeiro mundo) como existem também setores opulentos no terceiro mundo (uma primeiromundizalização do terceiro mundo), no meio da miséria generalizada.

As críticas a seguir visam a denunciar as causas dessa situação.

Há três linhas de crítica ao modelo de civilização e de sociedade atual, como foi sobejamente apontado por notáveis analistas.

A primeira é feita pelos movimentos de libertação dos oprimidos. Ela diz: o núcleo desta sociedade não está construído sobre a vida, o bem comum, a participação e a solidariedade entre os humanos. O seu eixo estruturador está na economia de corte capitalista. Ela é um conjunto de poderes e instrumentos de criação de riqueza e aqui vem a sua característica básica mediante a depredação da natureza e a exploração dos seres humanos.

A economia é a economia do crescimento ilimitado, no tempo mais rápido possível, com o mínimo de investimento e a máxima rentabilidade. Quem conseguir se manter nessa dinâmica e obedecer a essa lógica, acumulará e será rico, mesmo à custa de um permanente processo de exploração.

Portanto, a economia orienta-se por um ideal de desenvolvimento material que melhor chamaríamos, simplesmente, de crescimento, que se coloca entre dois infinitos (...): o dos recursos naturais pressupostamente ilimitados e o do futuro indefinidamente aberto para frente.

Para este tipo de economia do crescimento, a natureza é degradada à condição de um simples conjunto de recursos naturais, ou matéria-prima, disponível aos interesses humanos particulares. Os trabalhadores são considerados como recursos humanos ou, pior ainda, material humano, em função de uma meta de produção.

Como se depreende, a visão é instrumental e mecanicista: pessoas, animais, plantas, minerais, enfim, todos os seres perdem os seus valores intrínsecos e sua autonomia relativa. São reduzidos a meros meios para um fim fixado subjetivamente pelo ser humano, que se considera o centro e o rei do universo.

Leonardo Boff (Santa Catarina, 14 de dezembro de 1938, Filosofo e Teólogo), Ética da Vida, Ed. Vozes.