domingo, 20 de outubro de 2013

PERDIDOS E ACHADOS - A HISTÓRIA BÍBLICA DA EXISTÊNCIA HUMANA

Ninguém pode ler as Escrituras sem perceber que suas páginas é um retrato da realidade existencial do ser humano. Logo no início nos deparamos sem muita ciência ou qualquer rigorosidade científica, Moisés, compilando as principais tradições orais dos antigos hebreus, acerca da criação dos céus, da terra, dos animais e tudo o que há na terra, inclusive deixa escrito duas tradições importantes sobre a criação do homem e da mulher.

Mas não fica nisso, ele não se detêm nesta descrição, pois o que ele quer, não é explicar a Criação, mas a Queda da Criação. Ele quer mostrar como a Criação se perdeu. Como foi possível alguém que se havia feito bom, justo e santo, que habitava em lugares de delícias, refrigério, paz e comunhão com o Criador se desprendeu de tal condição e caiu para um vazio, para um estado de depravação e descaracterização da imagem do Criador, indo ter com os "espinhos e abrolhos" desta vida.

E por isso ele usa o capítulo 3 de Gênesis para explicar em alto e bom tom, segundo as narrativas hebréias (existe narrativas de outros povos sobre a Queda), como tudo começou a se perder.

Na personificação do mal, está a serpente, na possibilitadora da Queda está a mulher, que deu ouvido a serpente, e no desfecho final da Queda, está o homem, que cede às novas exigências e toma a decisão de se esconder do Criador.

Envergonhado, despido, cabisbaixo e expulso do paraíso está agora aquele que era a coroa da Criação. Vai embora em busca do nada, n a tentativa de se reencontrar o Caminho da volta, faz-se novos caminhos que no fim é morte. Na plantação de novos sonhos, nada se colhe senão tempestade. Na loucura de seus pensamentos se fundamenta a idolatria, e cada vez mais se distancia do Caminho e da face do Criador. E na proporção que caminha perdido na "noite escura", novas faces do Criador vai surgindo, novos deuses vão sendo inventados e personificados, na tentativa de encontrar aquele que o fez, e um dia com ele falou. Mas o que encontra é apenas uma medida de quão distante está do "Deus desconhecido".

E quando chegamos nas páginas do Evangelho, a mensagem é a mesma: "O homem está perdido". O Cristo, segundo Adão, sabe da real situação da criatura. E por isso estabelece que a luz raiou na "noite escura" do ser humano e aqueles que viviam nas regiões da sombra da morte, raiou uma "grande luz". Na sua missão, define como meta, "buscar e salvar aquele que se havia perdido". Aquele não era somente Zaqueu, mas todos os homens, posto que todos estavam perdidos.Todos os que por uma ato de desobediência de um só, (Adão), agora por um ato de obediência de um só (Jesus Cristo), podem ser reencontrados e trazidos de volta ao coração do Pai - Criador.

O Criador já nos mandou o Achador de perdidos - Jesus Cristo. Todos serão achados por Ele. Pois para isso Ele veio. Como aconteceu com Natanael, antes de ser chamado por Felipe, Cristo já o havia visto, num lugar anterior ao encontro com o Cristo. Não importa onde o ser humano está, Cristo já o viu e já veio ao seu encontro. E certamente veremos o "céu aberto" e o Pai nos chamando dizendo: "Vinde benditos meu...", porque de ninguém mais somos senão do Criador, que nos Fez e nos Encontrou em Cristo Jesus.

sábado, 6 de julho de 2013

RAZÕES PARA A QUEDA DO CRESCIMENTO EVANGÉLICO NO BRASIL

O uso da mídia pelos evangélicos no Brasil dá uma sensação que o segmento evangélico está em franco crescimento. Mas não é o que aponta o senso do IBGE. Na última década os evangélicos cresceram, mas perderam fôlego comparado com o crescimento grandioso da década de 1991-2000 cerca de 120%, contra 62% na década de 2001-2010.
Qual teria sido a causa, ou as causas para esta queda de crescimento? Estudiosos do campo religioso têm apontado algumas causas. Ei-las:

1). A sociedade brasileira passou por transformações sociais que possibilitam às pessoas resolverem seus problemas mediante meios mais racionais sem buscar o recurso de soluções milagrosas.

2).  A reação católica ao pentecostalismo com o fortalecimento da renovação carismática católica, com forte uso da música e de cantores/cantoras gospel do próprio meio católico têm oferecido uma alternativa viável ao pentecostalismo, particularmente a setores de classe média, estancando a sangria nas fileiras católicas.

3). A diminuição da Igreja Universal do Reino de Deus – IURD em virtude do crescimento da dissenção da Igreja Mundial do Poder de Deus;

4). O aparecimento mais visível dos evangélicos sem igreja;

5). O aumento das pessoas sem religião;

6). Os escândalos envolvendo grandes e pequenos líderes pentecostais acabaram por influenciar na diminuição do crescimento dos evangélicos na última década.


7). Finalmente, a história dos movimentos religiosos no mundo ocidental mostra que os novos movimentos surgem, crescem, se estabilizam e, finalmente, experimentam sua estagnação.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O INFERNO NOSSO DE CADA DIA (2)

O conceito sobre o inferno de fogo começou a ser adotado pela igreja católica principalmente a partir do Século II, bem depois da época dos primitivos cristãos.

Havia uma discordância entre os Pais da Igreja acerca do inferno. Por exemplo, Justino, o ‎Mártir, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Cipriano acreditavam que o inferno era um ‎lugar de fogo. Orígenes e o teólogo Gregório de Nissa achavam que o inferno era um ‎lugar de separação de Deus — de sofrimento espiritual. Foi de Agostinho de ‎Hipona, o conceito de que o sofrimento no inferno era tanto ‎espiritual como físico — conceito que passou a ser aceito. Assim já no Século V essa doutrina já prevalecia em toda a parte.

No século XVI, com o advento da Reforma, os protestantes tais como Martinho Lutero e João Calvino ‎entenderam que o tormento ardente do inferno simbolizava passar a eternidade ‎separado de Deus.

No Século XVIII o pregador protestante Jonathan Edwards ressurgiu o aterrorizante inferno e suas chamas com a descrição vívida do ‎inferno em seu famoso sermão “Pecadores Nas Mãos de Um Deus Irado”.

Pouco depois, já no Século XX o fogo do inferno começou a apagar lentamente vindo quase fechar as portas.

No Cristianismo existem diversas concepções a respeito do inferno, correspondentes às diferentes correntes cristãs. A ideia de que o inferno é um lugar de condenação eterna, tal como se apresenta hoje para diversas correntes cristãs, nem sempre foi e ainda não é consenso entre os cristãos.

A título de exemplo resumimos o pensamento de algumas correntes cristãs a respeito do tema. Sendo:

1). Nos primeiros séculos do cristianismo -  Houve quem defendesse que a permanência da alma no inferno era temporária, uma vez que inferno significa "sepultura", de onde, segundo os Evangelhos, a pessoa pode sair quando da ressurreição. Essa ideia é defendida hoje por várias correntes cristãs.

2). Entre os católicos - Para a corrente católica, conduzida pela Igreja Católica Apostólica Romana, o inferno é eterno e corresponde a um dos chamados novíssimos: a morte, o juízo final, o inferno e o paraíso.

3). Entre os protestantes - Para o protestantismo segundo a sua compreensão das escrituras ao morrer ninguém ainda estará no céu ou no inferno mas num lugar de descanso, ao lado de Cristo, ou num lugar de tormento, aguardando conscientemente o julgamento, esse julgamento não é para definir quem será salvo ou não, pois isso será definido em vida, mas para o recebimento das recompensas segundo as práticas boas ou más, isto é o galardão.

4). Para os Espíritas - O inferno, segundo a visão do espírita, é um estado de consciência da pessoa que incorre em ações contrárias às estabelecidas pelas Leis morais, as quais estão esculpidas na consciência de cada pessoa.

5). Islã - No Islã, o inferno é eterno, consistindo em sete portões pelos quais entram as várias categorias de condenados, sejam eles muçulmanos injustos ou não-muçulmanos. Como na crença judaica, para o islamismo o inferno também é um lugar de purificação das almas, onde aqueles que, se ao menos um dia de suas vidas acreditaram que Deus (Allah) é único, não Gerou e nem Foi gerado, terão suas almas levadas ao Paraíso um dia.

6). Budismo - De certo modo, todo o samsara é um lugar de sofrimento para o budismo, visto que em qualquer reino do samsara existe sofrimento. Entretanto, em alguns reinos, o sofrimento é maior correspondendo à noção de inferno como lugar ou situação de maior sofrimento e menor oportunidade de alcançar a liberação do samsara.


O INFERNO NOSSO DE CADA DIA (1)

Inferno é um termo usado por diferentes religiões, mitologias e filosofias, representando a morada dos mortos, ou lugar de grande sofrimento e de condenação. A origem do termo é latina: infernum, que significa "as profundezas" ou o "mundo inferior".

Na Bíblia latina, a palavra  inferus "lugares baixos", infernus  é usada para representar o termo hebraico Seol e os termos gregos Hades e Geena, sem distinção. A maioria das versões em idioma Português seguem o latim, e eles não fazem distinção do original hebraico ou grego.

Na atualidade, com o surgimento dos evangélicos, inferno passou a ser o destino daqueles que não aceitaram a Jesus ou não permaneceram nas comunidades evangélicas, os desviados.

Apenas para reflexão segue alguns entendimentos sobre o inferno:

 1). Inferno é uma forma simbólica para destruição eterna -  A crença na existência de um lugar de tormento para o significado das palavras Hades e Sheol, foi muitas vezes confundida com a palavra “Geena”, traduzida para “lago de fogo”, uma forma simbólica para destruição eterna.

2). Inferno é uma palavra para descrever o lugar de todos os mortos - Alguns teólogos concluem que todos que morrem vão para o inferno (Hades e Sheol), lugar onde até o próprio Jesus foi, a sepultura, sua câmara mortuária. Como a própria Bíblia menciona, ele não foi esquecido no Inferno, foi ressuscitado ao terceiro dia conforme relatam os evangelhos.

3). Inferno é a própria condição da morte - De fato, não existe inferno de fogo literal, lugar de tormento eterno para onde vão os maus. Quando a Bíblia menciona inferno nada mais é do que a própria condição da morte. Romanos 6: 23 diz: "Pois o salário pago pelo pecado é a morte, mas o dom dado por Deus é a vida eterna por Cristo Jesus, nosso Senhor."

4). Inferno como uma infeliz tradução – Alguns estudiosos asseguram que muita confusão e muitos mal-entendidos foram causados pelo fato de os primitivos tradutores da Bíblia terem traduzido persistentemente o hebraico Seol e o grego Hades e Geena pela palavra inferno. A simples transliteração destas palavras por parte dos tradutores das edições revistas da Bíblia não bastou para eliminar apreciavelmente esta confusão e equívoco.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O MITO DA IMUNIDADE DA UNÇÃO


Entre os evangélicos, há uma máxima – não unânime – de que pastores e demais líderes não devem ser confrontados por serem “o anjo da igreja”, ou o “ungido do Senhor”. Esses argumentos são usados em muitos casos, para apoiar decisões que não encontram respaldo na Bíblia ou até mesmo na doutrina de cada denominação, mas que por teimosia do líder são impostas a seus fiéis.

Passagens na Bíblia onde aparecem tais expressões são usadas e abusadas por líderes mal intencionados. Algumas passagens como estas abaixo são um prato cheio para a hermenêutica da conveniência. Vejamos:

“A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas”. (1Cr 16:21-22; cf. Sl 105:15).


"O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele [Saul], pois é o ungido do Senhor" (1Sm 24:6). Essa é a mais usada por eles.

Noutra ocasião, Davi impediu com o mesmo argumento que Abisai, seu homem de confiança, matasse Saul, que dormia tranquilamente ao relento: "Não o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor e fique inocente?" (1Sm 26:9).


Davi de tal forma respeitava Saul, como ungido do Senhor, que não perdoou o homem que o matou: “Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor?” (2Sm 1:14).

Augustus Nicodemus em seu blog postou: Como assim, "não toqueis no ungido do Senhor..."?! e escreveu:

“Esta relutância de Davi em matar Saul por ser ele o ungido do Senhor tem sido interpretado por muitos evangélicos como um princípio bíblico referente aos pastores e líderes a ser observado em nossos dias, nas igrejas cristãs. Para eles, uma vez que os pastores, bispos e apóstolos são os ungidos do Senhor, não se pode levantar a mão contra eles, isto é, não se pode acusa-los, contraditá-los, questioná-los, criticá-los e muito menos mover-se qualquer ação contrária a eles. A unção do Senhor funcionaria como uma espécie de proteção e imunidade dada por Deus aos seus ungidos. Ir contra eles seria ir contra o próprio Deus.


A expressão “ungido do Senhor” usada na Bíblia em referência aos reis de Israel se deve ao fato de que os mesmos eram oficialmente escolhidos e designados por Deus para ocupar o cargo mediante a unção feita por um juiz ou profeta. Na ocasião, era derramado óleo sobre sua cabeça para separá-lo para o cargo. Foi o que Samuel fez com Saul (1Sam 10:1) e depois com Davi (1Sam 16:13).

A razão pela qual Davi não queria matar Saul era porque reconhecia que ele, mesmo de forma indigna, ocupava um cargo designado por Deus. Davi não queria ser culpado de matar aquele que havia recebido a unção real.


Mas, o que não se pode ignorar é que este respeito pela vida do rei não impediu Davi de confrontar Saul e acusá-lo de injustiça e perversidade em persegui-lo sem causa (1Sam 24:15). Davi não iria matá-lo, mas invocou a Deus como juiz contra Saul, diante de todo o exército de Israel, e pediu abertamente a Deus que castigasse Saul, vingando a ele, Davi (1Sam 24:12). Davi também dizia a seus aliados que a hora de Saul estava por chegar, quando o próprio Deus haveria de matá-lo por seus pecados (1Sam 26:9-10).


O Salmo 18 é atribuído a Davi, que o teria composto “no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul”. Não podemos ter plena certeza da veracidade deste cabeçalho, mas existe a grande possibilidade de que reflita o exato momento histórico em que foi composto. Sendo assim, o que vemos é Davi compondo um salmo de gratidão a Deus por tê-lo livrado do “homem violento” (Sl 18:48), por ter tomado vingança dos que o perseguiam (Sl 18:47).

Em resumo, Davi não queria ser aquele que haveria de matar o ímpio rei Saul pelo fato do mesmo ter sido ungido com óleo pelo profeta Samuel para ser rei de Israel. Isto, todavia, não impediu Davi de enfrentá-lo, confrontá-lo, invocar o juízo e a vingança de Deus contra ele, e entregá-lo nas mãos do Senhor para que ao seu tempo o castigasse devidamente por seus pecados.

O que não entendo é como, então, alguém pode tomar a história de Davi se recusando a matar Saul, por ser o ungido do Senhor, como base para este estranho conceito de que não se pode questionar, confrontar, contraditar, discordar e mesmo enfrentar com firmeza pessoas que ocupam posição de autoridade nas igrejas quando os mesmos se tornam repreensíveis na doutrina e na prática.



Não há dúvida que líderes espirituais merecem respeito e confiança, e que deve acatar a autoridade deles – enquanto, é claro, eles estiverem submissos à Palavra de Deus, pregando a verdade e andando de maneira digna, honesta e verdadeira. Quando se tornam repreensíveis, devem ser corrigidos e admoestados. Paulo orienta Timóteo da seguinte maneira, no caso de presbíteros (bispos/pastores) que errarem:

"Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam" (1 Tim 5.19-20).


Os “que vivem no pecado”, pelo contexto, é uma referência aos presbíteros mencionados no versículo anterior. Os mesmos devem ser repreendidos publicamente.


Nunca os apóstolos de Jesus Cristo apelaram para a “imunidade da unção” quando foram acusados, perseguidos e vilipendiados pelos próprios crentes. O melhor exemplo é o do próprio apóstolo Paulo, ungido por Deus para ser apóstolo dos gentios. Quantos sofrimentos ele não passou às mãos dos crentes da igreja de Corinto, seus próprios filhos na fé! (1 Co 4.8-17).

Por que é que não encontramos no texto acima, nesta queixa de Paulo a repreensão, “como vocês ousam se levantar contra o ungido do Senhor?” Homens de Deus, os verdadeiros ungidos por Ele para o trabalho pastoral, não respondem às discordâncias, críticas e questionamentos calando a boca das ovelhas com “não me toque que sou ungido do Senhor,” mas com trabalho, argumentos, verdade e sinceridade.”

Não foram os liderados que inventaram a “imunidade da unção”, foram os próprios “ungidos”, com o objetivo de ficar impune nos crimes eclesiásticos. E tem funcionado, infelizmente!



quinta-feira, 28 de março de 2013

PECADO DE GERAÇÃO, CURA DE GERAÇÕES E MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS À LUZ DA BÍBLIA



Hoje existem centenas de Igrejas Evangélicas que estão ensinando entre seus membros ou aos que se aproximam de suas comunidades a “cura de gerações” geralmente chamada de “maldições hereditárias”, seus progenitores alegam que esta é uma doutrina cristã, na verdade não é como veremos ao longo do texto.
Esta crença e prática supersticiosa é basicamente oriundas das seitas neopentecostais, também designada como o evangelho da maldição ou quebra de maldições, maldições hereditárias, maldição de família e pecado de geração. No Brasil a crença tem origem com a “Igreja” Renascer em Cristo e também na seita de Edir Macedo, que foram sendo espalhada para outras igrejas do segmento neopentecostais, pentecostais e até algumas igrejas renovadas.
Esta falsa doutrina que é produto de um moderno misticismo supersticioso, é aparentemente conciliável com a concepção de “carma” ou “karma” no budismo oriental. Para entendermos o que representa esta “aberração doutrinaria” ela corresponde em síntese a:
Um mal invisível, cujo homem não vê e que pode ter atingido ou atingir qualquer ser humano por intermédio do que eles denominam de “espíritos familiares”, transmitido durante séculos pela linhagem sanguínea e por influência destes mesmos “espíritos” que exercem algum “poder” ou “magia” - como alegam os progenitores desta falsa doutrina -, com aflições espirituais e corporais sob os que a possuem, até que tal “maldição” seja quebrada através de libertações geralmente produzidas por pastores da mesma linhagem doutrinária.
A expressão “espíritos familiares” usada acima é utilizada arbitrariamente pelos pregadores de tal crença para justificá-la biblicamente, o termo é retirado de citações do Antigo Testamento, como (Levítico 19.31); na versão bíblica “King James” tradução produzida pela Igreja Anglicana.
Tal expressão designa “entidades”, “demônios” e “anjos decaídos” que exercem nos adivinhos a atividade da comunicação com os mortos e com os cristãos atuando na condução dos mesmos no âmbito de suas inclinações emocionais, sentimentais, carnais e físicas ao pecado. A palavra “familiares” no plural é utilizada para complementar a denominação destes “espíritos” pelo fato destes, como alegam os pregadores desta crença, terem forte influência e pendurarem em gerações de famílias humanas com seus planos nefastos.
É completamente descabida esta argumentação, a versão “King James” inglesa da Bíblia, não é uma das melhores traduções bíblicas como seguram muitos cristãos. A tradução produzida por São Jerônimo nos séculos IV e V, que chamada de Vulgata Latina, ocupou a reflexão da Igreja por séculos e os textos latinos nada mencionam o termo “espíritos familiares” assim como as versões católicas recentes não aludem. Bem como a NVI, considerada uma das melhores traduções produzida por tradutores e exegetas de cunho protestante e evangélico desconhece tal termo traduzindo apenas por “... médiuns,... espíritas.”
Assim forjar textos e procurar traduções cômodas para justificar conceitos e “doutrinas” não traduz princípios básicos de hermenêutica é pura picaretagem moderna. Essa versão não repercute nem induz qualquer afirmação da existência de “espíritos familiares” quando traduzido nem para a língua latina e nem tampouco para a língua portuguesa.
Pode surgir a pergunta: as Sagradas Escrituras dão embasamento para afirmar que os cristãos podem estar de alguma forma sob o jugo de maldições ancestrais ou qualquer tipo de crença parecida?
A resposta é não. Isto nunca foi parte da pregação apostólica e nem encontra fundamento nos textos bíblicos. Os Pais da Igreja nunca mencionaram tal crença entre os cristãos no decorrer dos cinco primeiros séculos. Aliás, os textos bíblicos refutam qualquer possibilidade de “gerações” levarem ou trazerem qualquer peso, mancha ou maldições ou ainda os pecados de seus pais. Vejamos o que diz o profeta Ezequiel:
Contudo perguntais: Por que não levará o filho a maldade do pai? Porque o filho fez justiça e juízo, guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso certamente viverá. A alma que pecar, essa morrerá. O filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele. (Ez 18,19-20).
Há outros textos e citações (Dt 24,16; Jr 31,30; Ez 18, 2-4; Ex 18,4; 20, 5-6; Lv 19, 17) que fazem oposição a qualquer afirmação que alude a esta crença supersticiosa oriunda do neopentecostalismo. Não existe compatibilidade desta crendice com a “Sã doutrina”. Boas considerações a respeito do pecado, o perdão de Deus, a regeneração do ser humano que o torna filho de Deus, trazendo-o ao convívio com a graça de Deus, que nos liberta do pecado, e nos incorpora em Cristo acabam por aniquilar qualquer possibilidade de “maldição hereditária”.
“Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I Jo 1,9), ou seja, ele não leva em conta as “faltas dos pais sobre os filhos” como podemos ler acima. Como então estas supostas faltas ou maldições e até perseguições demoníacas poderiam ligar-se a gerações inteiras de pessoas, por conta de parentes de séculos atrás que erraram ou foram amaldiçoados? É absurdo, logicamente improvável, não existem brechas para invenções do tipo.


sexta-feira, 22 de março de 2013

A DIVINA COMÉDIA - ALGUMAS COISAS QUE ME FAZEM RIR E CHORAR NA IGREJA EVANGÉLICA


Que os evangélicos perderam o “fio da meada” isso já é de muito comprovado, mas a infantilidade e o superficialismo que vem tomando conta e esparramando por entre seus lagares é cada dia mais abundante. Observando algumas práticas da igreja evangélica às vezes pela TV ou mesmo ao vivo, presenciado de corpo presente algumas estripulias dos crentes, percebe-se que há duas coisas, primeiro uma falta de bom senso, segundo um engodo tamanho que me parece ter tomado conta não só do rebanho, mas também do pastor.

A unção com óleo, tão restrita textualmente no NT, tem sido a preferência nacional da idiotice oleaginosa dos líderes atuais. Já se unge tudo. Desde a carteira de trabalho até o órgão reprodutor masculino. Encruzilhadas viram pontos estratégicos para derramamento de óleo numa espécie de “despacho evangélico”.

Atos proféticos são outra destas doidices de crentes. Certa pastora entendeu que havia recebido orientação para fazer um ato profético de esfaqueamento de um caixão cheio de pedaços de papéis com os pecados dos crentes, para só então estes desgraçados pecadores verem sua desgraça revertida. Ingenuidade, idiotice, esquizofrenia de crente, seja o que for este teatrinho anula o sacrifício de Cristo.

Orações contrárias é outra superstição dos crentes, que ensinam poder rogar a desgraça e a desventura na vida de seus desafetos, determinando em nome do Senhor o castigo sobre os seus oponentes. Ai daquele chefe de trabalho que perseguir tal crente, do vizinho que perturbar o bom sono deste “filho de deus”, eles correm sério risco de terem seus nomes costurados na “boca do sapo gospel”. De onde estes caras tiraram isso? Como isso chegou entre os que um dia já foram considerados paladinos da verdade do Evangelho?

A cartografia espiritual é outro erro grotesco entre esse grupo. Acreditam que existem determinados locais que estão tomados pelo poder das trevas, e cabe à igreja identificar estes locais e fazer a quebra destas correntes declarando que aquele local, cidade, território é do Senhor Jesus Cristo. Que fácil! Que genial! Que falácia!

Já estão acontecendo no meio evangélico àquelas famosas operações invisíveis que a gente costuma ver em programas sensacionalistas da TV. Coisa que também se presencia em centros espíritas em todo o país. O “profeta” leva uma maca para o culto e fazem-se operações invisíveis nas pessoas. É tudo invisível inclusive o resultado!

E quando olhamos para as diferentes “unções” que tem no picadeiro evangélico? Aí sim que ficamos cheio da “unção do riso”, tamanha a infantilidade. Temos por exemplo a “unção do patrão”, “unção das partes íntimas” das mulheres para não serem mais cobiçadas, dos homens para não nascerem filhos amaldiçoados, “unção da justificação”, “unção de conquista”, “unção dos quatro seres (ou dos animais)”, e tantas outras que aparecem a partir da “unção da criatividade” da liderança evangélica.
Tenho que admitir: A igreja evangélica brasileira existe, está na mídia, cresce, arrebanha multidões.
Mas teimo em perguntar: Mas se ela continuar a existir, o que será nas próximas gerações? E de que será feito as cores da lona que cobrirá esse imenso picadeiro?
Enquanto não se define, eu vou vendo o espetáculo, rindo com a comédia e chorando com o drama, um drama que certamente terminará com todos nós diante do tribunal de Cristo.