terça-feira, 15 de abril de 2014

OVOS DE PÁSCOA: UMA DELÍCIA DE 'PECADO'

Muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no Equinócio da Primavera (21 de Março) era um costume que celebrava o fim do Inverno e o início de uma estação marcada pelo florescimento da natureza. Para obterem uma boa colheita, os agricultores enterravam ovos nas terras de cultivo.

Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, a cultura pagã de festejo da Primavera foi integrada na Semana Santa. Os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Cristo.

No Oriente colorir e decorar ovos são um costume também bastante antigo, praticado nos países da Europa de Leste, os ortodoxos tornaram-se grandes especialistas em transformar ovos em obras de arte. Da Rússia à Grécia, os ortodoxos costumam pintar os ovos de vermelho. Já na Alemanha, a cor dominante é o verde.
Na Europa Oriental, o hábito passou aos demais países. Eduardo I de Inglaterra oferecia ovos banhados em ouro aos súditos preferidos. Luís XIV de França os mandava pintados e decorados, como presentes.
Os ovos de chocolate vieram dos Pâtissiers franceses que recheavam ovos de galinha, depois de esvaziados de clara e gema, com chocolate e os pintavam por fora. Com melhores tecnologias, a partir do final do século XIX, se difundiram os ovos totalmente feitos de chocolate, utilizados até hoje.
Para os judeus a páscoa significa “passagem”, por isso o nome da festa é Pessach (passagem). De acordo com a tradição judaica, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando o Senhor enviou dez pragas sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, – que seria a morte dos primogênitos das famílias egípcias -  Moisés  foi instruído por Deus a pedir que cada família hebreia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas, para que seus primogênitos não fossem exterminados.
Os primeiros cristãos passaram a comemorar a Páscoa, como conhecemos hoje, porque viram uma relação entre a libertação do povo de Deus no Egito e a libertação da morte para a vida, pregada por Jesus.
E os ovos? A maioria dos novos evangélicos não compram, não comem e excomungam os que comem tais oferendas de deliciosos chocolates. Não o fazem por entenderem que os ovos provêm de uma festa pagã e imaginam que estes ovos estão paganizados ou satanizados. Eu compro, ofereço e como ovos de páscoa. Aprecio pelo chocolate, não pelo dia. Ainda não sabia nada sobre esta tal “deusa Ostera” e já me banqueteava com estes saborosos ovos. Comi e nunca fiquei “doente”, nem virei idólatra, nem neguei a Cristo.
Falta a estes irmãos a leitura de Paulo conforme seus conselhos na 1 Carta aos Coríntios 8, lá encontramos umas afirmações que podem ser usado sobre estes “malditos ovos deliciosos de páscoa”. Veja:
1º). O ídolo não é NADA, ou seja, dizer que ovos de páscoa é alusão a deusa Ostera não me comove, porque Ostera NADA É – “Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só”. (v. 4);
2º). O problema não é com os OVOS, mas com a CONSCIÊNCIA – “Mas nem em todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, com consciência do ídolo, coisas sacrificadas ao ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, fica contaminada.” (v. 7)
3º). Comer ou deixar de comer não INTERFERE NA RELAÇÃO COM DEUS – “Ora a comida não nos faz agradáveis a Deus, porque, se comemos nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta.” (v. 8)
4º). Comer ou deixar de comer depende do respeito para com a consciência fraca do irmão – “Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos. Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos ídolos? E pela tua ciência perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.” (vs 9-11)

Não desmereço os irmãos que tem tamanha fraqueza para com estes festas, nas quais eles não podem nem ouvir falar que arrepiam. Meu conselho é que estes irmãos não só deixam de comer os ovos, mas também que busque conhecer o Evangelho e fuja de tanto misticismo e tanta espiritualidade onde nada mais é do que superstição e ignorância. Se naquela época tal festividade apontava para estes ocultismos agora os dias são outros. O entendimento é outro. Ovos de páscoa não são promovidos por nenhuma religião ocultista. Quem os fabrica, promovem e vendem é o comércio. Este ano o comércio deve aquecer as vendas em 12% a mais com as vendas de ovos de páscoa.

Podemos utilizar sem sermos supersticiosos o símbolo do “ovo” como uma imagem de renovo, de renascimento, de recomeço de vida. Esta mensagem pode ser enfatizada neste período. Bem melhor que ficar condenando e demonizando os deliciosos ovos de chocolate.