sábado, 25 de julho de 2015

ARMINIANISMO E O DEUS QUE NÃO PODE SALVAR

O arminianismo, seja ele wesleyano ou evangélico ou mesmo o arminianismo do século XVII, ensina o sinergismo, ou seja, a cooperação do homem com Deus, em sua salvação. A iniciativa da salvação parte de Deus, mas depende do próprio homem – de sua fé, obediência e perseverança, ser salvo ou não. Nesta concepção a eleição é o resultado da fé do ser humano. As dificuldades desta teoria são:

1). Ela faz do homem o autor da eleição – Ao ensinar que Deus elege aqueles que ele previu que iriam crer e obedecer até ao fim, eles estão invertendo a ordem da doutrina da eleição, em vez de ser Deus quem elege o homem, o homem é quem elege Deus, pois segundo sua interpretação Deus só escolhe aqueles que primeiro o escolheram. No entanto Cristo disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15.16).

2). Nega a onipotência de Deus – Se a eleição se baseia na presciência de Deus em saber quem iria crer ou não crer, então Deus preparou seus planos de acordo com o que a casualidade determinaria, ficando Deus refém de uma força abstrata, que determina o que vai ou não acontecer, neste caso Deus é onisciente, porém jamais onipotente.

3). Inverte a ordem bíblica, considerando como causa o que realmente é consequência – A Bíblia não ensina que fomos eleitos por causa da nossa fé, mas ensina que temos fé porque fomos eleitos. A eleição não se baseia numa fé prevista, porque a fé é um dom de Deus (Ef 2.8,9), e em Atos 13.48 está escrito “E creram todos os que haviam sido destinados para na a vida eterna”. O que veio primeiro não foi à fé, mas a eleição, pois só puderam crer aqueles que “haviam sido destinados para a vida eterna”. O homem nunca é tido como o autor da fé, mas a fé sempre depende de Cristo, pois Ele e só Ele é chamado de “Autor e Consumador da fé “(Hb 12.2). Assim vemos que a fé não é a causa da eleição, mas a consequência dela.

4). Dá ao homem o direito de jactar-se de sua salvação – Samuel Falcão em seu livro “Predestinação” cita Wesley dizendo: “A Escritura nos diz claramente o que é predestinação: é Deus designar de antemão para a salvação os crentes obedientes, não sem conhecer antecipadamente todas as obras deles” (grifo nosso).

Esta declaração de Wesley é uma apologia à salvação pelas obras, e não pela graça. Se Deus salva baseado na obediência do crente, onde está a graça? Neste caso os eleitos tem o direito de vangloriar-se diante dos não eleitos. Mas o que diz as Escrituras? Paulo escreve dizendo: “Pela graça sois salvos mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). Ainda mais as Escrituras ensinam que nenhuma criatura tem o direito de gloriar-se diante de Deus (1 Co 1.26-31; Dt 8.16,17; Jz 7.2; 2 Co 4.7). A Bíblia ainda mostra que Deus, ao invés de salvar os bons e os obedientes ele tem salvado mais os piores pecadores de modo a revelar as riquezas da sua graça (veja Rm 5.20; 1 Tm 1.15-16). Finalmente podemos acrescentar se os homens são salvos por causa de suas obras previstas, o louvor pertence a eles e não a Deus, ou no mínimo Deus divide com eles sua honra e sua glória, o que é estranhíssimo ao ensino bíblico.

5). Não garante segurança de salvação aos eleitos – Ao ensinarem que a eleição ocorre no tempo e não na eternidade, estão ensinando que ninguém será realmente eleito enquanto estiver vivo, porque a eleição depende da obediência do indivíduo, e este indivíduo poderá decair da fé e da obediência, ou seja, pode estar eleito hoje e não amanhã. Nas palavras do Dr. Raymond Miner, citado por Samuel Falcão, “até que o período de prova termine, o destino final é contingente, incerto”. Este ensino é no mínimo absurdo e desesperador. Uma pessoa pode ser eleita muitas vezes, pela vida a fora, e no último momento da vida pode perder a fé e ficar condenado eternamente, apesar de ter sido eleita várias ou muitas vezes antes. Esta eleição é de fato contingente e incerta, pois depende do homem. Porém o ensino bíblico é bem diferente. Somos eleitos na eternidade e de uma vez para sempre e não estamos sujeitos a perder nossa eleição, pois quem nos elegeu foi Deus. Jesus é quem nos afirma esta segurança: “Eu lhes dou a vida eterna... e ninguém poderá arrancá-las da minha mão” (Jo 10.28), e acerca do poder do Pai diz: “... e ninguém pode arrancá-las da mão dele” (Jo 10.29).

Eleição para a salvação é eleição para a vida eterna. Se for eleito para a vida eterna e pode cair no dia seguinte e não vir mais a ser eleito, então de fato esta vida eterna, não é eterna. Se ninguém pode ter certeza de sua eleição, então quão desesperadora é a mensagem arminiana acerca da segurança que Cristo dá! Os arminianos contradizem e negam toda a esperança e segurança da mensagem das boas-novas em Cristo Jesus.

domingo, 12 de julho de 2015

DESENVOLVO MINHA ESPIRITUALIDADE MAIS NÃO TENHO RELIGIÃO

O IBGE já publicou sua pesquisa afirmando que a cada ano no Brasil cresce o número de pessoas que se diz crer em Deus, mas não está ligada a nenhuma religião institucional.

O filósofo americano Sam Harris afirma que é possível ter experiências espirituais sem passar pelo caminho da religião. Ele é um dos principais defensores de uma corrente chamada Novo Ateísmo.

Ele conta que em visita ao monte das grandes bem-aventuranças foi invadido por uma profunda felicidade, que silenciou seus pensamentos. Entretanto para ele não houve uma experiência de transcendência religiosa, mas apenas uma expansão da consciência, natural e ordinária.

Em seus livro “Despertando”, recém-lançado nos Estados Unidos, mostra como é possível chegar à transcendência e a mais plena felicidade sem se aproximar da essência divina. Mais que isso, ensina técnicas como, meditação, respiração e até uso de alucinógenos, que facilitam o até a espiritualidade dos ateus.
"A espiritualidade deve ser distinta da religião. Pessoas de todos os credos e aquelas que não têm fé alguma têm os mesmos tipos de experiências espirituais. Um princípio mais profundo deve estar em funcionamento", afirma Harris.

É esse "diamante escondido" que o filósofo pretende arrancar das religiões, usando para isso os últimos achados científicos sobre o cérebro e, principalmente, seu ceticismo ferrenho. Harris acredita apenas no que pode ser provado por experimentos científicos e, portanto, alma, Deus ou revelações da essência superior não entram na espiritualidade que defende em seu livro.

Na descoberta do filósofo, transcendência e amor incondicional são algumas das experiências mais importantes que as pessoas têm em suas vidas. Mas a maioria delas interpreta esses episódios pela lente da religião. Isso não faz sentido, porque cristãos, muçulmanos, judeus, budistas e ateus têm o mesmo tipo de experiências. Então sabemos que nenhuma dessas doutrinas religiosas incompatíveis pode ser a melhor explicação para seu significado.

Na sua visão, espiritualidade é um processo de descoberta de algumas coisas sobre a natureza da consciência por meio da introspecção. A consciência não é um espaço delimitado, ela pode ser alterada ou expandida. A espiritualidade é essa transcendência do eu.

A espiritualidade continua sendo o grande vazio das doutrinas seculares, do humanismo, do racionalismo, do ateísmo e de todas as outras posturas defensivas que homens e mulheres assumem diante da presença da fé irracional. Mas há um caminho do meio entre fazer da espiritualidade uma experiência religiosa e não ter espiritualidade alguma. O caminho é buscar desenvolver sua espiritualidade sem se prender a uma religião instituída.


segunda-feira, 29 de junho de 2015

MARCAS MEDIEVAL NA IGREJA EVANGÉLICA PÓS-MODERNA

Eu vou muito pouco à Igreja Evangélica. Não participo ativamente de nenhuma igreja do movimento evangélico atual. Mas as vezes que vou a uma destas igrejas eu tenho uma sensação, ao observar os seus rituais, que entrei numa máquina do tempo e me transportaram para a Era Medieval. Tenho uma sensação de modernidade e medievalismo nessas práticas evangélicas. Eis alguns exemplos desta realidade:
A primeira forte tendência que encontramos na igreja evangélica é o medievalismo. O que acontecia naquele tempo, é o que acontece até hoje nas igrejas evangélicas. Vejamos:

a) Obscurantismo Teológico: O medo do novo é uma das marcas da teologia medieval. Tudo o que não se encaixava nos moldes do escolasticismo era chamado de heresia (qualquer semelhança com os fundamentalistas de hoje não é mera coincidência).


b) Ênfase nas obras: Não existia uma mensagem de graça. O perdão de Deus era obtido mediante o esforço do fiel, que graças a sua piedade intrínseca, se auto-redimia comprando para si o favor e o perdão de Deus. Veja um programa de TV de qualquer uma das igrejas evangélicas e me desminta.


c) Clero claudicante: O câncer da corrupção havia tomado conta do clero. Sacerdotes ladrões e adúlteros, que não tinham tempo para apascentar o rebanho, mas que satisfaziam a cada dia a sua luxúria concupiscente era comum à época. Não é diferente com alguns pastores, apóstolos e bispos, que dão mal testemunho e explora a fé supersticiosa do povo.

d) Uma fé palpável: Comercialização de ícones, de relíquias dos santos e imagens de escultura, além da compra do favor de Deus mediante o pagamento de indulgências. A mesma coisa na versão de lenços ungidos, venda de produtos made in Israel e com as pregações sobre dízimo – quem dá recebe, e pode colocar Deus contra a parede.

Diante destas observações não tem como ignorar o retrocesso teológico dos evangélicos. Uma realidade que nos entristece e ao mesmo tempo nos coloca em alerta para defendermos a “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”.